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sábado, 27 de janeiro de 2024

Ave César!

Quadro "A morte do Imperador" de Vincenzo Camuccini.
 
Poucas figuras na História do poder são tão icônicas quanto ao Imperador Julio César. Não é difícil encontrar no Brasil homens de todas as idades com o nome Júlio César. Isso só mostra o quão impactante foi o seu período. Até a reforma no calendário feita em 1582 pelo Papa Pio XII o calendário em vigor chamava-se Calendário Juliano devido a formatação dada pelo referido imperador. As Colônias Britânicas da América usavam-no até 1752. O fato do primeiro mês do ano ser janeiro também se deve à Julio César, que era devoto do deus romano Ianus (daí o nome janeiro), o deus do fim e começo dos ciclos.

Acredita-se que Julio César tenha nascido no ano 100 AC em uma família da Aristocracia Romana. É verdade que sua família tinha um certo prestígio, mas não era o que se podia supor ser uma família proeminente. Logo Júlio César teve que escrever sua história pelos seus variados dotes e com muito trabalho. Naquela época o comércio por si não era suficiente para fazer dos homens grandes, era necessário envolver-se na política e fazer o uso da força, que é o modo como o Estado funciona desde sempre. A bravura aliada à sua inteligência permitiu campanhas militares bem sucedidas entre os seus 42 e 50 anos de idade. À essa altura Júlio César se tornaria gigante.

Júlio César enfrentou várias crises políticas durante o período que dominou sobre Roma desde que derrotou Pompeu, seu principal adversário. Após triunfar sobre seus adversários políticos, Júlio não os puniu. Na verdade perdoou a quase todos. Não é possível saber ao certo o que o levou a optar por tal decisão, mas talvez o cálculo tenha sido evitar o desconforto de recalibrar as forças políticas e militares do Império. Talvez aí tenha sido seu maior erro. Ao invés de eliminar inimigos que certamente assim o fariam com ele, Julio César preferiu governar com eles. Por divergências de governo, quando Júlio César tinha a icônica idade de 55 anos foi assassinado em um icônico 15 de março de 44 AC.

Os seus assassinos eram justamente o alto escalão político do Império Romano. O senadores Cássio e Brutus foram os líderes do movimento de traição. Lamentavelmente Brutus era quem o imperador mais confiava entre todos no Senado, pois Brutus era seu enteado. O evento ficou eternizado pelo lamento de Júlio César: "Até tu, Brutus meu filho?"

A política, por vezes, é percebida como um ambiente em que as práticas éticas podem ser desafiadoras e até comprometidas em nome da busca pelo poder e do alcance de objetivos políticos. Apesar dessa visão de que a política é um terreno fértil para comportamentos antiéticos, ela, paradoxalmente, não suporta traições indiscriminadas. Existem várias razões pelas quais a política, apesar de suas complexidades éticas, tende a desencorajar traições generalizadas.

A política muitas vezes se baseia em alianças e acordos entre diferentes atores, sejam eles partidos políticos, líderes governamentais ou grupos de interesse, isto é, as chamadas facções políticas que não são exatamente sobrepostas aos partidos. A quebra indiscriminada dessas alianças por meio de traições pode resultar na perda de confiança, tornando difícil para os políticos construir coalizões e colaborações futuras.

Os políticos dependem significativamente de sua reputação e imagem pública para obter o apoio popular. A traição pode manchar essa reputação, alienar eleitores e minar a confiança nos grupos políticos. A opinião pública desfavorável pode ter sérias repercussões nas carreiras políticas.

A estabilidade política é fundamental para o funcionamento eficaz de um sistema de poder, tal como e principalmente o funcionamento de uma Prefeitura Municipal sob administração de um grupo político. A traição desenfreada pode levar a instabilidade, desordem e insegurança, prejudicando não apenas os interesses dos políticos individuais, mas também a sobrevivência de um partido como um todo em um local específico.

Portanto, embora a política possa ser um campo complexo e desafiador eticamente, ela também demanda a capacidade de construir relacionamentos estáveis, ganhar confiança e manter padrões éticos para garantir a funcionalidade do sistema político e a estabilidade da sociedade.

Esse tipo de evento que citei sobre Julio César, isto é, seu assassinato, certamente fez parte das considerações do brilhante escrititor Nicolau Maquiavel quando escreveu seu best seller "O Príncipe". Maquiavel argumentou em sua obra que um governante deve ser astuto e pragmático ao tomar decisões para manter e fortalecer seu poder. Ele observou que, em algumas situações, ações que podem ser percebidas como insensíveis são necessárias para alcançar objetivos políticos, porque a traição por vezes vem de onde menos se espera, inclusive e sobretudo de "seus senadores".

O autor italiano também destaca a importância de se ter o controle da reputação e da imagem, mesmo que isso envolva a manipulação de percepções. Aproveitando o tema recito um conhecido ditado da política: "Não basta que a mulher de César seja honesta, ela tem que parecer honesta".

No contexto da traição, como sofreu o "nosso imperador", Maquiavel discute como os governantes devem ser cautelosos em relação a seus conselheiros e aliados. Ele sugere que é preferível ser temido a ser amado, pois o medo é mais duradouro e menos propenso a traições. Maquiavel alerta os líderes sobre a necessidade de discernir entre a lealdade aparente e a real, indicando que, em certas circunstâncias, é justificável usar estratégias maquiavélicas (desculpe-me pelo trocadilho) para garantir a estabilidade do governo. Felizmente hoje não é necessário cortar a cabeça de ninguém, basta uma simples portaria de desoneração, mas os conselhos e fundamentos permanecem os mesmos.

Esta obra de Maquiavel não trata explicitamente de traidores, mas fornece insights sobre como os governantes devem lidar com questões de lealdade e como a manipulação política pode ser necessária para garantir a estabilidade e o sucesso no governo.

Ainda que não haja sabotadores com facas nas mãos, o simples fato de Brutus parecer querer matar de fato César, faz deste um homem morto.

Ave César!